A agricultura brasileira cultivou 44,2 milhões de hectares (ha) com culturas transgênicas em 2015, um crescimento de 5% em relação a 2014 ou o equivalente a dois milhões de ha.
Nenhum outra nação do mundo apresentou um crescimento tão expressivo.
Com essa área, a agricultura nacional está atrás apenas dos Estados Unidos (70,9 milhões de ha) no ranking mundial de adoção de biotecnologia agrícola.
Em seguida, aparecem Argentina (24,5 mi/ha), Índia (11,6 mi/ha), Canadá (11,0 mi/ha) e China (3,7 mi/ha). Em todo o mundo, 28 países plantaram 179,7 milhões de hectares com variedades geneticamente modificadas (GM).
As informações constam do relatório do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), divulgado globalmente na quarta-feira (13).
Segundo o fundador e diretor emérito do ISAAA, Clive James (ao lado), cada vez mais agricultores estão plantando transgênicos porque eles são uma tecnologia rigorosamente testada e cuja eficácia já foi comprovada.
No Brasil, a intensa adoção dessa tecnologia no campo reflete a confiança que os produtores depositam nela.
Na outra ponta da cadeia, em 2015, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) também aprovou um número recorde de novos produtos aplicáveis à agricultura.
Foram 14 plantas transgênicas que expressam características que irão ajudar os agricultores de soja, milho e algodão a manejar os desafios da lavoura e obter melhor rendimento em função da redução de perdas.
No Brasil os transgênicos já estão no campo há 17 anos e no ano passado foi aprovado o primeiro eucalipto geneticamente modificado
A diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani, destaca os fatores que contribuíram para esse desempenho.
“A competitividade do agronegócio brasileiro é resultado de uma forte sinergia entre as necessidades do campo, adoção da biotecnologia agrícola e critério científico em avaliações de biossegurança”, afirma.
Entre as aprovações, cabe ressaltar o primeiro eucalipto transgênico do mundo, liberado comercialmente em abril do ano passado.
Após 20 anos de cultivos no mundo (os primeiros plantios ocorreram em 1996), os transgênicos se consolidaram como a tecnologia agrícola mais rapidamente adotada na história recente da agricultura.
Adriana Brondani comenta que, no Brasil, já são 17 anos de uso dessa tecnologia.
“Ao longo desse período de uso de organismos geneticamente modificados (OGM), não há um só estudo científico que tenha concluído que eles causam danos à saúde humana, animal ou ao meio ambiente”, revela.
No País, a taxa média de adoção para as três culturas GM já disponíveis é de 91%.
No caso da soja, 94% da área foi plantada com variedades transgênicas, para o milho (safras de inverno e verão) a taxa foi de 84%.
O destaque de 2015, porém, foi o algodão, cuja adoção saiu de 66% em 2014 para 73% neste ano.
As altas taxas de adoção (entre 90% e 100%) nos maiores mercados do mundo para a biotecnologia agrícola sugerem que, nos próximos anos, haverá pouco espaço para crescimento.
Isso implicará no surgimento de novos players, a exemplo de países asiáticos e africanos.
Para Adriana Brondani (ao lado), porém, esse cenário representa uma oportunidade para o Brasil.
“Dentre os países em que a biotecnologia está mais presente, o Brasil é o único que consegue expandir área sem avançar sobre áreas de preservação, por meio da recuperação de áreas degradadas”, explica.
Outros destaques do relatório global do ISAAA sobre variedades GM:
Países desenvolvidos X países em desenvolvimento
Pelo quarto ano consecutivo, países em desenvolvimento adotaram mais transgênicos (54%, ou 97,1 mi/ha) do que países industrializados (46%, ou 82,6 mi/ha). Além disso, das 28 nações que utilizam a biotecnologia, 20 são países em desenvolvimento.
Dos 18 milhões de produtores rurais no mundo que já cultivam transgênicos, 90% são pequenos, segundo o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia
Pequenos x médios e grandes agricultores
Dentre os cerca de 18 milhões de produtores em todo mundo que já adotam a biotecnologia agrícola, 90% são pequenos produtores.
“A contínua adoção em países em desenvolvimento comprova que a transgenia traz benefícios a todos”, afirma Clive James.
Múltiplas características
Transgênicos com mais de uma característica, também chamados de piramidados, foram plantados em 58,5 milhões de ha, 33% de toda área cultivada com OGM no mundo (aumento de 14% entre 2014 e 2015).
Estados Unidos: batata, maçã o salmão
Líder global na adoção de transgênicos, o país também é o que mais aprova culturas GM com novas características.
Em 2015 destacaram-se a batata (com 4 características), a maçã (que não escurece quando cortada) e o salmão (primeiro animal transgênico aprovado para consumo humano no mundo, que cresce mais rápido que o peixe convencional).
Índia: algodão
Em 2015, o país se tornou o maior produtor mundial de algodão. Nesse ano, 95% da área cultivada foi composta de sementes transgênicas.
Futuro
Diversos órgãos de avaliação de biossegurança em todo mundo estão analisando OGM com características como composição nutricional melhorada e tolerância à seca, solos salinos e inundações.
Nos EUA, a área plantada com milho tolerante à seca, o primeiro do mundo, aumentou 15 vezes entre 2013 e 2015.
Fonte: CIB ISAAA 2016