O Carrefour, a segunda maior rede varejista do Brasil, anunciou dia 25/08 que não comprará carne oriunda de regiões desmatadas e violações socioambientais. Trata-se de uma vitória dos ambientalistas, consumidores e do Greenpeace que encabeçou a campanha.
Com esta medida, a empresa francesa se une a outras gigantes do varejo – Walmart e Pão de Açúcar – que também garantiram que irão monitorar toda sua cadeia de fornecedores para que não chegue até o consumidor carne proveniente de áreas onde fazendeiros derrubaram árvores para criar gado, não só na Amazônia, mas em todos os biomas do país.
Isto significa que as três maiores redes do Brasil, que juntas correspondem por um terço do mercado varejista nacional, segundo o ranking da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), acabam de criar uma importante barreira para o desmatamento da Amazônia.
Supermercados são a porta de entrada da carne para a mesa dos brasileiros
Um dos pontos importantes anunciados pelos três gigantes do varejo, que deve impactar nas gôndolas de mais de 2.500 lojas em diversos estados, é a implementação de sistemas de monitoramento e exclusão de fornecedores, todos baseados no Desmatamento Zero.
“Os supermercados são uma das principais portas de entrada da carne para a mesa dos brasileiros e, com o comprometimento e apoio do Carrefour, juntamente com as outras duas maiores redes, poderemos mantê-las fechadas para o produto contaminado com desmatamento, trabalho escravo e invasão de terras indígenas”, afirma Adriana Charoux (ao lado), da campanha Amazônia do Greenpeace.
Com o anúncio do Carrefour, somado aos dos outros supermercados, haverá pelo menos mais sete frigoríficos que atuam naquela região já estão comprometidos. A organização estima que isso represente pelo menos 80% do volume de abate bovino na Amazônia.
Compromisso Público da Pecuária
Assinado em 2009, após denúncia do Greenpeace, o Compromisso Público da Pecuária teve três frigoríficos signatários – JBS, Marfrig e Minerva, que juntos representam cerca de 70% do abate na Amazônia. A assinatura do documento foi uma resposta a uma denúncia feita pelo Greenpeace através de um estudo sobre a derrubada da floresta.
Segundo a entidade, atualmente mais de 60% das áreas desmatadas são ocupadas com pecuária, o que torna o setor o principal responsável pelo desaparecimento da Floresta Amazônica.
Para agravar este cenário, 40% da carne consumida no Brasil é produzida justamente na Amazônia. E a grande maioria dos supermercados não tem ideia da origem do produto que compram, muito menos se ele envolve trabalho escravo ou violência a povos indígenas.
No final do ano passado, o Greenpeace lançou a campanha Carne ao Molho Madeira (confira o vídeo abaixo) para pressionar supermercados e frigoríficos a tomarem uma atitude contra o problema. A iniciativa questionava os supermercados sobre a origem da carne e exigiram um produto seguro e livre de violacões socioambientais. Mais de 29 mil pessoas assinaram a petição.
A importância deste compromisso é que o consumidor possui o direito de saber a procedência da carne que compra, empresários e comerciantes têm obrigação de garantir a origem da carne que vende à população.
Mais informações: Greenpeace
Vídeo da Campanha Carne sem Desmatamento