Diário Verde publica com exclusividade artigo do vice-presidente da Caramuru Alimentos, Cesar Borges, sobre a importância econômica e social deste combustível à base de soja.
Aumentar a riqueza dos agricultores do MT com maior utilização do maquinário, reduzir o custo de fretes, além de promover a inclusão de pequenos produtores no processo são algumas de suas vantagens. Confira.
Boas notícias para a cadeia produtiva do agronegócio neste início de ano. A primeira delas foi a autorização concedida Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para a Caramuru Alimentos – uma das maiores processadoras de grãos do país – a construir sua terceira unidade de biocombustível em Sorriso (MT).
A fábrica, que será erguida no complexo industrial que a Caramuru possui em Sorriso, terá capacidade para produzir 285 mil litros por dia ¬ ou cerca de 104 milhões de litros por ano. Sorriso, a propósito, é o município líder em exportações do Mato Grosso, movimentando US$ 1,36 bilhões.
A construção da unidade da Caramuru no município custará R$ 24,5 milhões, financiados pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Centro¬Oeste (FCO). Esta será a terceira fábrica de biodiesel da empresa no país. A companhia já opera duas unidades em Goiás que, juntas, têm capacidade para processar 450 milhões de litros por ano.
Desta forma, cresce a demanda pela soja produzida no Mato Grosso e, consequentemente, as oportunidades de negócios dos produtores locais.
O segundo aspecto positivo é a retomada do mercado brasileiro de petróleo. A produção cresceu no ano anterior, bem como a balança comercial, que registrou superávit de R$ 410 milhões. As exportações somaram US$ 13,478 bilhões, enquanto as importações movimentaram US$ 13,068 bilhões.
De outra parte, a Petrobrás anunciou um aumento de 6,1% sobre os preços do diesel no início de janeiro deste ano. A informação é relevante porque, como se sabe, o biodiesel é acrescentado hoje ao diesel na proporção de 7%, índice que passará para 8% até 2017; 9%, até 2018; e 10%, até 2019. Ganham, particularmente, com isso os produtores do Mato Grosso, o maior produtor de soja – principal matéria prima do biodiesel.
Com a maior oferta do biocombustível, os produtores do estado têm, paralelamente, a oportunidade de promover maior utilização em seu maquinário – tratores, pulverizadores, colheitadeiras, caminhotes etc. – substituindo o diesel, mais oneroso, e reduzindo, assim, o custo de transporte.
A maior disponibilidade de farelo de soja, resultante da produção do processamento do grão para a produção do biodiesel, abre outro promissor horizonte: a oportunidade de agregar valor, investindo com eficiência e competividade na produção de carnes de frango, suínos e derivados bovinos.
Esse sistema otimiza a produção de milho, necessária para a cobertura da terra, no intervalo da soja e que tem um ônus enorme quando paga frete aos portos, já que é um produto de muito baixo valor.
Esse novo modelo é duplamente vantajoso, por reduzir o custo de fretes (substituindo a movimentação de volumosas partidas de grãos pelo transporte de derivados de carnes, mais compactos e, portanto, mais econômicos).
Selo Combustível Social abre espaço para inclusão social e produtiva da agricultura familiar, o desenvolvimento regional e a produção sustentável de matéria prima para energia renovável
De outra parte, a substituição da produção de grãos pela de carnes descortina ainda promissoras oportunidades no rentável mercado externo.
Além desses aspectos , destaque-se o papel social que a produção de biodiesel representa. Pela lei do chamado Selo Combustível Social, boa parte da produção deve ser reservada à agricultura familiar.
Calcula-se que no ano passado mais de 70 mil pequenos produtores foram envolvidos no processo, promovendo, assim, a distribuição de riquezas no campo.
Finalmente, importa destacar as vantagens e propriedades ambientais do biodiesel, um combustível limpo, ecologicamente correto e que não concorre para o aumento do aquecimento global, ao contrário do diesel e demais derivados de petróleo.
César Borges de Sousa é vice-presidente da Caramuru Alimentos