Conheça a criativa estratégia de um grupo de países que aumentaram a tributação na venda de refrigerantes em matéria do Págin22, cujo objetivo é diminuir o seu consumo e ajudar na redução da crise mundial de obesidade.
México, França, Finlândia e Hungria, dentre outros países, estabeleceram impostos sobre a venda de refrigerantes para coibir o consumo de bebidas de alto valor calórico e praticamente nenhum valor nutritivo.
A Finlândia, por exemplo, cobra um valor particularmente alto, 2,2 euros por litro, o equivalente a R$ 10/l.
Já no outro lado do espectro está o México, que estabeleceu uma taxa bem mais reduzida, de um peso por litro de refrigerante, que levou a uma elevação do preço final ao consumidor da ordem de 10%.
Pode parecer pouco, mas pesquisa recente indica que os resultados iniciais da medida foram positivos.
O estudo, feito pelo Instituto Nacional de Salud Pública, do México, e a University of North Carolina, avaliou o padrão de consumo de 50 mil residentes no país para avaliar os impactos da adoção da taxa.
O documento indica que houve uma queda de 6% no consumo ao longo de 2014, primeiro ano da implantação, mais acentuada nas camadas mais pobres da população.
Outras pesquisas realizadas no México parecem contradizer esse resultado e sugerir que o impacto do imposto sobre as vendas não foi relevante.
Mas sua amostragem e visibilidade foram bem mais reduzidas.
Por enquanto só uma cidade americana, Berkeley, na California, estabeleceu uma taxa sobre refrigerantes, no caso 1 centavo de dólar por onça [454g], volume equivalente a 300 mililitros.
O diário Washington Post publicou editorial em dezembro em que reivindica a introdução de um imposto nacional sobre o açúcar, que ampliaria o escopo de taxação.
A incidência global de obesidade associada ao consumo de refrigerantes já atingiu 600 milhões de adultos, segundo a Organização Mundial de Saúde
Diversos países asiáticos, inclusive Índia, Indonésia e Filipinas, que tiveram um crescimento expressivo das vendas de refrigerantes nos últimos cinco anos, também estão considerando implantar medidas de âmbito nacional.
O governo indiano está avaliando a possibilidade de introduzir uma taxa de até 40% do valor de bebidas adoçadas carbonatadas.
Trata-se de um nível comparável ao dos impostos sobre o tabaco e as bebidas alcoólicas.
As Filipinas estão em vias de aprovar projeto de lei que estabelece um imposto progressivo.
A Indonésia passa por discussão semelhante e a Malásia, embora não estude introduzir impostos, retirou um subsídio ao consumo de açúcar em 2013.
Mercado global de refrigerantes: um negócio de US$ 580 bilhões
Os opositores do amplo consumo de refrigerantes também enfrentam alguns revezes.
A Associação de Fabricantes de Bebidas dos Estados Unidos chegou a investir US$ 16 milhões em atividades de lobby para evitar que o estado de Washington estabelecesse um imposto em 2010. Outras dezenas de iniciativas locais e estaduais foram brecadas pela indústria.
O Vietnã, que estudava adotar um imposto de 10% sobre o consumo de refrigerantes, engavetou a proposta, sob pressão do setor.
E a Dinamarca removeu há dois anos um imposto sobre o açúcar, porque isto estava promovendo a evasão fiscal (os consumidores compravam refrigerantes em países vizinhos).
O mercado global de refrigerantes é estimado hoje em US$ 580 bilhões, sendo que o maior consumidor são o os Estados Unidos, responsáveis por 17% desse valor.
Um americano médio consome cerca 170 litros anuais, faixa similar à dos mexicanos. É uma média de meio litro diário.
Não por coincidência, estatísticas da Organização Mundial da Saúde indicam que a incidência global de obesidade, diretamente associada ao consumo de refrigerantes, dobrou desde 1980, atingindo 600 milhões de adultos em 2014.
O órgãos recomenda reduzir o consumo de refrigerantes para evitar cáries e o excesso de peso que, por sua vez, está associado a doenças cardíacas, hipertensão e diabetes.
Fonte: Pagina22