É o que dizem especialistas como Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CIO), da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA), para equilibrar a demanda e a oferta, em matéria do site OrganicsNet. Leia mais abaixo.
De um lado, procura crescente, já por outro, a limitação na oferta. Neste cenário, para se consolidar, o mercado brasileiro de orgânicos precisa diversificar a oferta e agregar valor a seus produtos, a exemplo do que ocorre em outros países, segundo a coordenadora do CI Orgânicos .
“A produção continua crescendo, mas a demanda ainda é maior. Ou seja, os consumidores querem adquirir alimentos orgânicos, mas os produtores ainda não vêem necessidade de inovar e incrementar a variedade da oferta, como no caso de um mercado consolidado”, salienta.
Na opinião de Sylvia Wachsner (ao lado), a cadeia de orgânicos ainda está em construção e precisa superar seus atuais gargalos.
“Há diversos entraves na cadeia de fornecimento, como falta de insumos, sementes de qualidade e falta de conhecimentos técnicos que ajudem os produtores”.
Exemplifica que, no caso das agroindústrias, há poucos fornecedores, pouca diversidade para suprir, e torna-se complicado para elas arriscar, colocando no mercado novos produtos, sem estar certo de contar com um fornecimento constante de ingredientes orgânicos.
Em busca de alternativas
Porém, existem possibilidades para diversificar a produção. No caso dos produtores de hortaliças e verduras, Sylvia diz que “o desafio é inovar, a partir da recuperação de cultivares esquecidas”, e cita como exemplo “os tomates grandes de diversas cores, mais doces, de formatos não estandardizados, conhecidos por heirloom ou coração de boi, com o nome científico de Solanum lycopersicum”.
A cenoura também pode ter outras variações. Os produtores poderiam oferecer, além da tradicional cenoura laranja, outras coloridas: amarelas, violetas e brancas.
“As mesmas cenouras coloridas têm tamanhos diferenciados das tradicionais, mais magras ou menores. O sabor varia de cor em cor, e algumas são mesmo mais doces. Criam-se novos nichos de mercado, e os produtores saem da mesmice”, destaca Sylvia, que considera importante a realização de projetos e parcerias envolvendo entidades de peso como a Embrapa.
Outras iniciativas, que englobam grandes redes de fast food, começam a atender o crescente interesse dos consumidores por alimentos mais saudáveis.
“O McDonalds começa a experimentar, oferecendo saladas com ingredientes orgânicos. Mas o fornecimento para grandes cadeias exige outro tipo de gestão e de investimento da parte dos produtores”, observa a coordenadora da SNA.
Valorização dos produtos
A exemplo do que ocorre com alguns produtos típicos do Brasil, que merecem destaque por fatores como qualidade, tradição e valor agregado, os produtos orgânicos, na opinião de Sylvia Wacshner, também têm potencial para alcançar os mesmos padrões.
“No Rio de Janeiro começamos a ver a valorização de queijos vindos de outros estados, como o canastra de Minas Gerais, queijos artesanais, e outros ganhadores de prêmios. Similar ao que ocorre com a produção da cachaça, não industrial, ou as cervejas artesanais, não são produtos elaborados em escala industrial, e que incrementam a diversidade da oferta, possibilitando que tenham valor agregado por seus empreendedores. São aqueles produtos que podemos qualificar como premium”, ilustra Sylvia.
A especialista lembra ainda das pequenas empresas no Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo, que oferecem pães artesanais, com farinhas integrais, utilizando diversos grãos, sementes ou frutas.
Falta ousadia para abrir novos mercados
Enquanto no Brasil o foco da produção orgânica é o mercado interno, países como o Peru e o México têm se especializado em produzir alimentos orgânicos para exportação, como no caso da banana, mirtilo, abacate e café, além de outros produtos convencionais com valor agregado.
“O Peru tem demonstrado capacidade tanto para exportar com agregação de valor como para abrir mercados sem concorrência”, salineta a coordenadora do CI Orgânicos. Atualmente, o país exporta a fruta camu-camu, com vitamina C (que também é produzida no Brasil), e colocaram no mercado o sacha-inchi, semente da Amazônia, rica em ômega 3.
“Falta ao Brasil inovação e ousadia para abrir mercados direcionados a produtos da nossa biodiversidade, e com foco em sua valorização. São caminhos que também poderiam ser seguidos pelos produtores de alimentos orgânicos”, conclui Sylvia.
Fonte: OrganicsNet
A cenoura não é originalmente cor de laranja, mas sim vermelha, preta, amarela, branca ou púrpura.
No século XVI, produtores holandeses de cenoura, inventaram a cenoura cor-de-laranja em honra da Casa de Orange, a família real Holandesa.
Tornaram isto possível através do cruzamento de cenoura amarela clara com cenoura vermelha. Para saber mais clique aqui