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Os pioneiros

Por Fleury Tavares  

 

Depois de destacarmos as qualidades e versatilidades do sorgo no campo e os benefícios  para a saúde humana,  agora contamos sobre o pioneirismo da empresas brasileiras Farovitta de alimentos funcionais  e a Grings Alimentos Saudáveis.  

Ambas participaram da Naturaltech – 12ª Feira de Alimentação Saudável, Suplementos, Produtos Naturais e Saúde trazendo o cereal oriundo da África, sem glúten, e com características de componentes bioativos e antioxidantes.

A Farovitta saiu na frente e está comercializando deste março o grão e a farinha integral. Já a estratégia da Grings foi lançá-lo na mesma mostra para depois colocar o sorgo no dinâmico mercado de produtos naturais.

Confira abaixo as entrevistas.


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SORGO, ALIMENTO SAUDÁVEL DO CAMPO À MESA

Durante a entrevista com Luana Stein, diretora da Farovitta, tivemos a oportunidade de degustar a saborosa mini-pipoca de sorgo, considerada por especialistas até mais saudável de milho, além de experimentar pedaços de bolos de chocolate e de cenoura com banana, ambos muito deliciosos. 

DV – Por que o interesse da empresa em incluir o sorgo  no seu portfólio de produtos?

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Foto: DV

Luana Stein – Como somos uma marca de alimentos saudáveis, conceitualmente procuramos introduzir  alimentos com alta densidade nutricional. Nossos produtos  não contém glúten, açúcar, sal, conservantes ou aditivos, e em alguns itens, incluímos ingredientes orgânicos.

O interesse pelo grão veio do conhecimento que já possuía desde a minha infância pelo histórico da minha família sempre ligada à produção rural. Assim, durante uma viagem aos Estados Unidos, vi alguns produtos a base de sorgo numa gôndola de supermercado, o que despertou minha curiosidade e passei a estudá-lo após descobrir seus efeitos benefícios nutricionais.

A farinha de sorgo integral, por exemplo, é muito versátil, e pode substituir as farinhas convencionais no preparo de massas, pães, bolos, empanados, além de ser incluída como complemento nas vitaminas ou adicionada as frutas.

Já o grão pode ser usado nas saladas, sopas, tabules, pipoca, como substituto do arroz  ou ainda em diversas receitas funcionais.

Em função destes aspectos nutricionais e aliado ao fato de já  trabalharmos com grãos, sementes e castanhas que possuem estas características, decidimos incluí-lo em nosso portfólio.

DV – Como aconteceu a aproximação com os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo?

Luana Stein – Quando me aprofundei sobre as características funcionais do cereal, procurei a Embrapa, justamente porque é a maior fonte de informações científicas no Brasil sobre o sorgo para consumo humano. Para se ter uma ideia, a pesquisadora Valéria  Queiroz, da área de Nutrição e Segurança Alimentar da instituição, já estuda os benefícios do cereal há oito anos.

Há também o fato de que a Campofert, empresa da nossa família que produz e exporta milho, soja e sorgo,  já  possuía um contato muito próximo com a Embrapa.

Na realidade, o  projeto sorgo é uma parceria entre as nossas empresas (Campofert e  Farovitta).

DV – Como se trata de um ilustre desconhecido do público, qual a estratégia de comunicação e marketing da empresa para divulgar as suas propriedades benéficas? E em relação aos portadores de doença celíaca (*) que podem usar o sorgo livremente por não conter glúten?

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Foto: Farovitta

Luana Stein – Desde o início do projeto, estabelecemos um plano de marketing que integrasse todas as frentes. Desde a assessoria de imprensa que trabalha com a mídia tradicional (jornais, revistas, rádios, TVs), até a internet onde usamos os mecanismos de busca do Google para colocar o produto em destaque, além da divulgação institucional nas redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter, Flickr, Linkedin etc).

Outra frente do nosso plano é a participação em algumas feiras e congressos específicos para apresentar o sorgo. Agora em junho, por exemplo, estivemos na Natural Tech, a maior feira de alimentos naturais da América Latina.

Há também o trabalho desenvolvido com os celíacos (*),  onde a empresa divulga entre as Acelgas (associações de celíacos espalhados pelo país) da ausência de glúten do sorgo que pode ser consumido livremente sob a forma de pães, bolos e outros alimentos.

 DV – Quais mercados a empresa pretende focar e segmentos específicos ?

Luana Stein – Em nosso site vendemos para o consumidor pessoa física de todo o Brasil, mas o leque do varejo é bem amplo e diversificado.  Atendemos desde lojas e supermercados de produtos naturais (Mundo Verde, Hortifruti), empórios, mercearias (Casa Santa Luzia, Emporium São Paulo, rede Oba), padarias  até indústrias (panificação, massas, biscoitos, restaurantes).

DV – Onde o consumidor final pode adquirir o sorgo grão e a farinha integral? Quais cidades e regiões do Brasil? É um produto caro?

Luana Stein – Nossos produtos podem ser encontrados, além do site da empresa, em lojas em todo o Brasil, mas estamos mais concentrados nos estados de São Paulo Minas Gerais e Rio de Janeiro. Com relação ao preço, a farinha de sorgo custa R$ 6 (embalagem de 200 g).

DV – Quem fornece a matéria prima e quais os cuidados exigidos durante o processamento industrial?

Luana Stein – Como são duas empresas do mesmo grupo  toda a etapa de produção fica com a Campofert , do plantio à colheita, passando pela limpeza, beneficiamento, moagem para produzir a farinha, até o armazenamento do grão e sua distribuição em Guaíra (SP).

A  industrialização também é feita lá, onde  temos uma equipe específica que cuida exclusivamente do sorgo para alimentação humana, formada por engenheiros de alimentos, agrônomos, e todos os profissionais necessários para esta atividade.

Dentre os cuidados exigidos, já foi elaborado o primeiro documento de rastreabilidade do sorgo para alimentação humana, muito diferente do grão que vai para a nutrição animal (aves, bovinos e suínos).

DV – Após a industrialização do sorgo, como é feito o transporte e a distribuição ao mercado?

Luana Stein – A Farovitta faz toda a comercialização e colocação do produto no mercado – varejo, indústria e consumidor.  A Campofert  conforme mencionado planta, colhe, beneficia, faz a rastreabilidade e o transporte do produto.

O produto (grão e farinha) sai de Guaíra e vem para São Paulo onde é embalado e armazenado um pequeno estoque para atender aos pequenos clientes. Já quando o volume é maior  vai direto para a indústria.

DV – Quais são os critérios do controle de qualidade do grão para consumo humano?

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Foto: Farovitta

Luana Stein – A Farovitta enquanto ‘cliente da Campofert’ tem critérios de exigência da qualidade e rastreabilidade do sorgo, da mesma forma como os demais fornecedores de matérias primas.

A empresa  trabalha com o sorgo há 38 anos, possuindo uma grande expertise com o cereal destinado a comercialização e exportação para ração animal que é adquirido de agricultores que produzem exclusivamente para ela.

Já no caso do grão e farinha integral destinado ao consumo humano, a Campofert faz o plantio específico do sorgo em área própria para ter o controle absoluto de todas as etapas, da semente até a mesa do consumidor.

Evidentemente, todas as fases são rastreadas durante o processo de industrialização. Além de serem realizadas periodicamente as análises de glúten e microbiológicas para identificar se há presença de fungos, bactérias, umidade, etc., ou seja se tudo está perfeitamente adequado para o consumo humano.

 

DV – Qual é o  Perfil da Farovitta?

Luana Stein Trata-se de uma empresa nova que está no mercado apenas há três anos, inovando com uma marca de superalimentos que possuem alta densidade nutricional.  O  nosso escritório está localizado em São Paulo com uma equipe de cinco pessoas cuidando da parte administrativa, e outra com sete representantes comerciais que giram os mercados pelo Brasil, além dos nossos distribuidores.

Mais informações: www.farovitta.com.br


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SORGO, FONTE DE ENERGIA E SAÚDE MILENAR

A nutricionista Marilia Betito, consultora técnica da Grings Alimentos Saudáveis,  conta que o objetivo da empresa foi colocar no mercado mais um produto conhecido por antigos povos como definitivamente fonte de energia e saúde. Confira abaixo.

DV – Por que a empresa teve interesse em incluir o cereal no seu portfólio ?

Marilia Betito – A Grings Alimentos Saudáveis possui um portfólio com cerca de 80 itens saudáveis e funcionais. Assim, o sorgo e a farinha integral encaixaram-se perfeitamente na família “Grãos Especiais” que hoje já engloba quinoa, amaranto, chia e painço.

Como sabemos, são alimentos milenares cultivados anos por antigos povos por sua fonte de energia e saúde. Neste sentido, percebemos a oportunidade de ampliar a nossa linha e oferecer mais um excelente produto aos nossos consumidores.

DV – Quando entrará no mercado? Após o seu lançamento na 12ª NaturalTech? Que segmentos s a empresa pretende alcançar? Onde distribuirá geograficamente?

Marilia Betito – Estamos lançando o “Sorgo em Grãos e a Farinha de Sorgo Integral” na 12ª Natural Tech, com o objetivo de desmistificar a ideia de que é somente para nutrição animal. Depois, iniciaremos a sua comercialização  em todo o Brasil.

Nosso objetivo é apresentá-lo ao consumidor como uma alternativa saudável e funcional para a alimentação humana. Como o público da feira é bem informado e focado em hábitos saudáveis, trata-se do espaço ideal para conversarmos com formadores de opinião, profissionais de saúde e consumidores antenados!

DV – Onde o consumidor poderá encontrar o produto? Qual será o preço/unidade? É um produto caro?

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Foto: Grings

Marilia Betito – Nossos produtos são vendidos em supermercados, lojas de produtos naturais e sites de venda on line. Então, para as pessoas interessadas na alimentação saudável oferecemos a opção de um caixa de 250g (grãos ou farinha) com informações nutricionais e sugestões de consumo.

Mas a Grings também foca o  público Food Service, ou seja, restaurantes, padarias e outros estabelecimentos, com embalagens de 5 kg. O nosso objetivo é divulgar as vantagens nutricionais do sorgo, como a ausência de glúten, por exemplo. Quanto ao preço por unidade da caixa (250g) deverá custar  ao redor de R$ 10,00.

DV – Como o sorgo ainda é um ilustre desconhecido do grande público, qual a estratégia de comunicação e marketing da Grings para divulgar suas propriedades benéficas à saúde humana?

Marilia Betito – A estratégia é divulgar nos veículos de comunicação, por meio do trabalho de assessoria de imprensa. A nossa meta é difundir o grão para que suas propriedades sejam cada vez mais conhecidas. Acreditamos também que o sabor, versatilidade e poder de substituir outros grãos que o sorgo possui, fará com que ele se venda sozinho em pouco tempo.

DV – A empresa pensa em fazer algum trabalho específico junto aos portadores de doença celíaca que são os beneficiados pela ausência de glúten?

Marilia Betito – Estamos desenvolvendo um projeto “glúten free” para um futuro bem próximo. Queremos garantir aos nossos consumidores, celíacos ou não, produtos sem nenhum risco da presença de glúten. E esse é um aspecto absolutamente prioritário para a empresa.

DV – Quem fornece a matéria-prima? Com é feito o controle de qualidade e padronização? 

Marilia Betito – No momento, não estamos autorizados a falar sobre nosso fornecedor. O “Sorgo Grings” é especificamente cultivado para o consumo humano, obedecendo aos critérios e exigências de qualidade e rastreabilidade.

DV – Perfil da Grings. Origem,  localização, por que entrou no segmento de alimentação saudável e quais são seus produtos ?

Marilia Betito – A Grings Alimentos Saudáveis está localizada aos pés da Serra da Mantiqueira, foi fundada por Almiro Grings, quando há 20 anos mudou-se para a cidade de São João da Boa Vista, interior de SP. Nesta época entrou no mercado de alimentos saudáveis e funcionais,  onde hoje está instalada a fábrica da empresa.

Como empreendedor, ele sempre valorizou uma alimentação saudável e natural, tendo como hobby apicultura e uma pequena horta e pomar em sua residência. Sua esposa, Edite Grings, já nesta época, fazia artesanalmente uma deliciosa granola com grãos e flocos integrais, o que deu origem a granola que até hoje  produzimos da mesma forma.

Criar a empresa, na realidade, foi mais um passo para mostrar as pessoas o estilo de vida que a família mantinha em casa. Nosso objetivo é oferecer produtos saudáveis, práticos e saborosos. Nosso leque de itens é extenso:  granolas, cookies, massas funcionais, grãos integrais, sementes funcionais, linha Matcha (chá verde integral em pó), mix de arrozes integrais e grãos funcionais temperados e etc.

Somos cerca de 40 funcionários e crescemos 30% no último ano, principalmente pelo interesse da população por alimentação saudável.

Mais informações: www.grings.com.br


 (*) Os portadores da doença não podem consumir alimentos com glúten, pois essa proteína pode desencadear intolerância ou reações alérgicas nessas pessoas. A doença  celíaca afeta o intestino delgado e interfere na absorção de  nutrientes essenciais ao organismo, como carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, sais minerais e água.
O único tratamento é a dieta isenta de glúten por toda a vida.  Cerca de duas milhões de pessoas são portadoras da doença, embora muitas não apresentem sintomas graves ou tenham sido diagnosticadas, segundo a Federação Nacional das Associações de Celíacos no Brasil.