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Operação Carne Fraca: Ministério da Agricultura encontra bactérias em 8 de 302 amostras de frigoríficos, cancela registros e amplia fiscalização

Eumar Novacki, secretário-executivo do Ministério da Agricultura, fala sobre resultado de teste em amostras de carne. Foto: Noaldo Santos/Mapa

 

O anúncio foi feito pela pasta nesta quinta-feira (6/4) , de que 39 amostras de produtos dos 21 frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca apresentaram problemas de ordem econômica ou de saúde pública. A força-tarefa do ministério analisou 302 amostras de diferentes lotes e marcas, em uma auditoria independente da investigação da Polícia Federal. Do total de amostras analisadas, oito apresentaram problemas de saúde pública. Leia mais abaixo

 

As informações são do secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Eumar Novacki, durante coletiva de imprensa, ao fazer o balanço das auditorias dos 21 estabelecimentos que estavam sob suspeição desde a deflagração da Operação Carne Fraca. Novacki reafirmou que toda a investigação segue sendo feita com transparência e ressaltou a robustez do sistema de fiscalização sanitária do país.

Do total de 302 amostras, 31 ou 10,2% delas apresentaram problemas de ordem econômica, não necessariamente fraudes, mas a não observância de normas técnicas, como excesso de amido em salsicha ou adição de água, além do permitido, em frango.

Além disso, o secretário Novacki relatou que, oito das 302 amostras (2,6%) tiveram pequenos problemas, mas capazes de afetar a saúde pública. Dessas oito, sete tiveram confirmada a presença de salmonella e uma de estafilococos. Todas as amostras foram enviadas para análise em unidades do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) do Ministério da Agricultura.

As 31 amostras com problemas de ordem econômica referem-se a embutidos, onde foi encontrado  ácido sórbico, conservante proibido em salsichas e linguiças, produzidas pelos frigoríficos Souza Ramos, de Colombo (PR), já recolhidos, além de excesso de amido nas salsichas produzidas pelo frigorífico Peccin, de Curitiba (PR) e de Jaragua do Sul SC).

Também foram encontrados problemas de ordem econômica na produção de frango com excesso de água, processado pela unidade da BRF de Mineiros (GO) e pelo Frango DM.

Conservante proibido, excesso de água e a presença das bactérias estafilococos e salmonella prejudiciais à saude foram encontradas nas carnes analisadas

Das oito análises de produtos que apresentaram possível risco à saúde pública, sete laudos se referem a hambúrgueres contaminados por Salmonella, produzido pelo frigorífico Transmeat (SIF 4644), dono da marca Novilho Nobre. Essa linha de produção da empresa foi fechada e os lotes do produto recolhidos no dia 23 de março. Os produtos serão obrigatoriamente descartados e destruídos, sob supervisão de técnicos do Mapa.

Também foi constatada a presença da bactéria Estafilococus Coagulas Positiva na linguiça cozida produzida pelo Frigorífico FrigoSantos (SIF 2021). “Esta análise só ficou pronta hoje pela manhã, sendo determinado o recolhimento preventivo da linguiça e interdição desta linha de produção”, disse o secretário-executivo.

Segundo Novacki, o ministério já iniciou os procedimentos para cancelamento do SIF dos frigoríficos: Peccin (SIF 825), de Jaraguá do Sul (SC); Peccin (SIF 2155), de Curitiba (PR); e Central de Carnes (SIF 3796), de Colombo (PR). Todas essas unidades já estão interditadas e outros frigoríficos podem ter o registro cassado à medida que as investigações avancem. “Todos, pequenos, médios ou grandes, terão que pagar pelos erros detectados e o ministério vai agir de modo muito duro”, disse.

Fiscalização e auditoria em mais seis estados

Por orientação do ministro da Agriculutra e pelo fato de a força-tarefa haver encerrado os trabalhos antes das três semanas previstas, nos estabelecimentos citados na Operação Carne Fraca da Polícia Federal, o Mapa vai intensificar a fiscalização e antecipar o calendário de auditorias. Já estão sendo realizadas ações em Pernambuco, Bahia, Tocantins, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.

As equipes de fiscalização nesses estados terão rodízio com troca de posições e até possíveis substituições de superintendentes. “Queremos que essas auditorias nos deem a situação real de como estão funcionando os serviços de inspeção em cada estado. Todos os resultados serão divulgados e compartilhados com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal”, garantiu o secretário.

Viagens para reconquistar confiança dos mercados

“Também por determinação do ministro Blairo Maggi, todos os indícios de crime, seja contra a saúde pública ou de ordem econômica, serão encaminhados ao Ministério Público e à Polícia Federal para devidas providências. Nós, no Mapa, estamos limitados à esfera administrativa, cabendo à Justiça e à Polícia Federal investigar, prender, processar e condenar”, observou Novacki.

Para reconquistar a confiança dos mercados e mostrar a robustez do sistema de fiscalização de produtos de origem animal do Brasil, o secretário-executivo irá viajar, entre os dias 17 e 27 de abril, para se reunir com autoridades dos governos do Irã, Egito e Argélia.

Em maio, o ministro Blairo visitará a China, Hong Kong, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Europa para intensificar as negociações com importadores da carne brasileira.

Fonte e mais informações: Ministério da Agricultura