Ampliar o relacionamento entre o campo e os consumidores, por meio da criação de coletivos de consumo de suporte à agricultura orgânica e familiar possibilitando acesso a cestas de alimentos frescos e sem veneno.
Este é o principal objetivo da nova edição do portal Banca Orgânica, que está no ar desde 2014, projeto apoiado pelo Instituto Auá de Empreendedorismo Sociambiental, uma organização da sociedade civil.
A plataforma promove e facilita o Consumo Coletivo Responsável como alternativa de acesso a alimentos orgânicos a preço justo direto do produtor, além de garantir a estabilidade econômica para quem está no campo e facilitar a escolha e o acesso de alimentos frescos para quem está na cidade.
O portal tem como missão o fortalecimento da agricultura orgânica e familiar, a conservação do meio ambiente, a saúde do ser humano e o desenvolvimento local sustentável.
A iniciativa já reúne 30 coletivos que movimentaram cerca de 4 mil cestas de alimentos, com 40 mil itens orgânicos, entre frutas e hortaliças, atuando nas cidades de São Paulo, Santo Antônio do Pinhal e Campos do Jordão.
Para conhecer um pouco mais deste projeto inovador, Diário Verde conversou com a coordenadora de comunicação do Instituto Auá, Ana Cecilia Bruni (abaixo), que falou sobre a Banca Orgânica e o papel da organização Instituto Auá no trabalho de valorização do potencial humano e sua diversidade e que completará 20 anos de atuação em 2017. Confira abaixo.
DV – O que é a Banca Orgânica e qual o seu diferencial como site do que já existe no segmento de orgânicos?
Ana Cecília Bruni – É uma plataforma digital que oferece a possibilidade do consumidor integrante de um Coletivo de Consumo ao se cadastrar ao Instituto Auá torne-se um Associado Semente, contribuindo com uma quantia fixa mensal.
Dessa forma, ele passa a ser um agente direto de transformação, ao apoiar a agricultura familiar orgânica e agroecológica, além de garantir a estabilidade econômica do produtor.
Em contrapartida, a Banca faz a gestão do “meio de campo” entre associado e produtor, disponibilizando listas semanais de alimentos disponíveis para colheita, gerenciando a cobrança e pagamento aos produtores , além de promover a comunicação entre as duas pontas.
Cada associado recebe semanalmente sua cesta de alimentos no local estabelecido entre os participantes, encaminhada pelo produtor.
Além disso, ela também dá suporte aos agricultores no planejamento da produção e infraestrutura para o fortalecimento e crescimento do setor.
Resumindo: trata-se de um empreendimento socioambiental que tem como missão o fortalecimento da agricultura orgânica e familiar como estratégia para a conservação do meio ambiente, a saúde do ser humano e o desenvolvimento local sustentável.
DV – Quem são seus criadores ?
Ana Cecília Bruni – O publicitário Vinicius Rocha, especialista em Permacultura, e a psicóloga e musicista Juliana Carratu, especializada em culinária natural/vegetariana e reaproveitamento de alimentos, são os idealizadores da Banca Orgânica.
Há três anos, a dupla de empreendedores sociais iniciou a montagem do projeto, sempre buscando um caminho para unir a produção sustentável e o apoio aos agricultores familiares junto com as escolhas diárias do consumidor. Dessa forma, nasceu o empreendimento viabilizado pelos Coletivos de Consumo que passam a contribuir com a cadeia de produção os alimentos.
DV – Por que se associar ao projeto? Ajudar a consolidar o site e a agroecologia? Como funciona o Coletivo de Consumo?
Ana Cecília Bruni – O indivíduo que se associa assume um compromisso com a causa e compartilha dos princípios, valores e objetivos do empreendimento e da organização, conforme mencionei anteriormente.
O associado recebe conteúdo informativo e educativo que contribui para a formação de consciência e aproximação com a realidade do campo e pode participar de vivências de campo nas propriedades rurais.
Para se associar o interessado deve integrar ou formar um Coletivo de Consumo com pelo menos outras 5 pessoas. O grupo deve residir nas cidades de São Paulo, Campos do Jordão ou Santo Antonio do Pinhal.
Os coletivos podem ser formados em escolas, empresas, condomínios, etc.
Cada membro deve preencher um cadastro e contribuir mensalmente com uma quantia fixa proporcional ao número de itens que compõem a sua cesta, que será paga por meio de boleto bancário que ele receberá mensalmente no seu endereço eletrônico.
Daí, toda semana o associado recebe em seu email a lista de alimentos disponíveis da colheita do produtor, seleciona quais produtos deseja adquirir a na sua próxima retirada. Já as cestas são entregues em cada coletivo, local onde cada membro retira os seus alimentos escolhidos.
DV – Como é feita a viabilidade econômica desde a colheita,transporte, distribuição até o consumidor final?
Ana Cecília Bruni – A contribuição fixa mensal de cada associado destina 60% do valor para o produtor, 30% para a equipe gestora do empreendimento e 10% para a administração do Instituto Auá.
O cálculo para precificação das cestas levam em conta a realidade do mercado (para que possa ser competitivo).
A contabilidade também inclui os custos de produção e locomoção, lucro justo para o produtor e a sustentabilidade financeira do empreendimento, incluindo a remuneração da equipe.
O ponto de equilíbrio do empreendimento é 300 associados.
Com esta estratégia, operamos uma transformação da realidade local, apoiando a agricultura agroecológica, com base neste modelo de organização descentralizada formada por uma rede de parceiros.
A Banca Orgânica possibilita que o consumidor seja um agente transformador ao apoiar a agricultura orgânica e familiar, além de usufruir benefícios para sua qualidade de vida
DV – O que são os 30 coletivos que movimentaram cerca de 4 mil cestas, em 2015, representando até 40 mil itens orgânicos, entre frutas e hortaliças?
Ana Cecília Bruni – Cada associado recebe 1 cesta por semana que tem em média 10 itens, ou seja, 48 cestas no ano (480 itens). Tivemos aproximadamente 100 associados consumindo durante doze meses, somando então 48.000 itens.
Como o numero de associados variou um pouco durante o ano (entre os que entraram e saíram), foram entregues aproximadamente 40.000 itens.
O número é monitorado pois o empreendimento tem o registro de todos os itens que foram solicitados na lista semanal de pedidos e a listagem de todos os itens entregues pelo produtor.
E os 100 associados estavam distribuídos em 30 coletivos que se formaram ao longo do ano.
DV – Como são selecionados os produtores de orgânicos?
Ana Cecília Bruni – A seleção é feita por meio de alguns critérios: serem produtores orgânicos com diversidade de culturas, estruturados com logística para atender aos consumidores (entrega dos alimentos), além de possibilidade para se adaptarem ao sistema da Banca (enviar semanalmente lista com os produtos disponíveis para a colheita, acessar lista de pedidos dos associados e montar as cestas).
Há também a questão do agricultor possuir condições de oferecer os alimentos preço justo (que também seja justo para ele), promover a cultura da agricultura orgânica na sua região, e ser um agente transformador local, apoiando outros pequenos produtores.
DV – Os produtos oferecidos pela Banca são certificados? De que forma? Qual a abrangência geográfica?
Ana Cecília Bruni – Sitio Novo Mundo, em Ibiúna (SP), e Orgânicos da Mantiqueira, em Gonçalves (MG) são certificados.
O Sítio Caaete , Santo Antonio do Pinhal (SP), já iniciou o processo de certificação mas segue a cartilha de agroecologia de Ernst Goetche.
São três exemplos de empreendimentos socioambientais da Banca Orgânica que atua no Estado de S.Paulo cobrindo geograficamente a capital paulista, e as cidades de Santo Antonio do Pinhal e Campos de Jordão.
DV – Como os produtores associados distribuem seus produtos? Por meio de feiras? Organizadas? Cidades próximas, capital paulista? Há algum vínculo com o Poder Público?
Ana Cecília Bruni – Os agricultores entregam os produtos diretamente no coletivo (local onde o grupo de no mínimo 5 membros decidiram ser o local do coletivo) que pode ser o escritorio de uma organização, escola, academia, residência ou condominio.
Os produtores eventualmente podem participar de feiras mas isso não tem relação o com nosso trabalho.
Este empreendimento não tem nenhuma relação com governos. O Instituto Auá, entretanto, tem atuação ativa em politicas públicas para o fortalecimento da agricultura orgânica, participando de audiências públicas, fóruns, assembléias, debates, congressos, mesas de discussão, por meio de cartas, petições , etc.
A Frente Parlamentar pela Agricultura Orgânica e Agroecologia leva o nome da fundadora do Instituto Auá – Ondalva Serrano.
Auá significa Gente em Tupi e traduz o trabalho voltado à valorização do potencial humano e sua diversidade
DV – O que é o Instituto Auá e qual seu objetivo?
Ana Cecília Bruni – Somos uma organização baseada no compromisso com práticas sustentáveis e com o desenvolvimento humano. O Instituto Auá de Empreendedorismo Socioambiental é a antiga AHPCE – Associação Holística de Participação Comunitária Ecológica, com 19 anos de sólida experiência nos 78 municípios da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, com a visão de que todos os atores devem estar envolvidos em seu desenvolvimento local.
A palavra Auá significa GENTE em Tupi e traduz o significado de nosso trabalho, voltado à valorização do potencial humano e sua diversidade.
Nosso principal objetivo é apoiar diferentes empreendimentos socioambientais, voltados à transformação de realidades locais, com foco no Cinturão Verde, e atuando com base num modelo organizacional descentralizado e integrado a uma rede de parceiros.
A entidade sempre manteve a agroecologia como importante frente de atuação, visando a sustentabilidade dos processos produtivos e o fortalecimento de políticas para a agricultura familiar e orgânica.
Assim, o nosso foco está voltado à educação integral, agroecologia, serviços ecossistêmicos, conservação ambiental, resíduos sólidos, empreendedorismo social, economia solidária e comércio justo. Dessa forma, buscamos um novo modelo de educar, construir, conservar e se alimentar, e convidamos as pessoas para conhecer, participar e contribuir com esse esforço para sociedades verdadeiramente sustentáveis.
DV – Como funciona e se sustenta?
Ana Cecília Bruni – O instituto funciona como uma plataforma de desenvolvimento e apoio a empreendimentos socioambientais alinhados às frentes de atuação e a sua visão. O diferencial é que são concebidos e geridos internamente na organização.
Ou seja, mesmo que um empreendedor social tenha a ideia de uma iniciativa que se mostre viável, ele passa a ser um empreendedor auá ( associado da organização), desenvolvendo em conjunto com a equipe gestora do Auá (financeiro, planejamento e comunicação) um plano de negócios tocado pelos gestores e empreendedores.
Cada projeto capta recursos de várias formas (sempre partindo de uma estratégia pré-definida e objetivos sociais traçados):
SERVIÇO DIÁRIO VERDE
Confira abaixo, o vídeo institucional e o material informativo sobre a nova edição da Banca Orgânica produzido pela jornalista Heloisa Bio, assessora de imprensa do Instituto Auá de Empreendedorismo Sociambiental.
Amantes de Orgânicos têm novo site da Banca Orgânica sobre Coletivos de Consumo Responsável
Dinâmico, intuitivo e repleto de conhecimentos sobre a agricultura orgânica e o universo dos coletivos de consumo responsável, o novo site da Banca Orgânica que acabou de ser lançado pelo Instituto Auá de Empreendedorismo Socioambiental.
A Banca Orgânica existe desde 2014 para ampliar a ponte entre o campo e os consumidores, por meio da formação de coletivos de consumo de apoio à agricultura orgânica e familiar que têm acesso a cestas de alimentos frescos e sem veneno.
“Buscamos um caminho para unir a produção orgânica, o apoio aos agricultores e as escolhas diárias do consumidor. A ideia é o associado perceber que constrói junto este mundo mais sustentável, a favor da terra, do solo e da natureza”, conta o empreendedor da Banca Orgânica, Vinicius Santos Rocha, sobre como nasceu o empreendimento na área Nossa História do site.
O Consumo Responsável é apresentado como a melhor forma de se fazer escolhas de consumo, não só para si mas para as relações sociais, a economia e a natureza.
Na área dedicada aos Coletivos de Consumo, é possível aprender como esses grupos se unem para benefícios mútuos, criando uma alternativa de compra em relação ao mercado convencional, com relações mais próximas, mudanças de hábito e protagonismo nas cadeias produtivas.
O Associado Semente é um agente de transformação socioambiental, responsável por construir junto a relação entre o grupo e possui um espaço exclusivo no site sobre seu papel.
Já a área de Mitos e Verdades revela as ideias falsas e os conceitos verdadeiros que envolvem o tema da alimentação orgânica versus alimentação convencional, entre eles o preço, a aparência, o impacto na saúde, a escala de produção ou a sazonalidade.
Por fim, o internauta pode acessar A Voz do Campo e descobrir quem são os agricultores familiares envolvidos com o empreendimento e diretamente beneficiados com o consumo das cestas do Sítio Caeeté, Orgânico da Mantiqueira, Sítio Quintal e Sítio Novo Mundo.
Receitas também podem ser encontradas no site, como o abacate guacamole e a abóbora refogada, que têm como diferencial a excelência do ingrediente natural, direto da terra e sempre fresco!
Mais informações: Banca Orgânica
Contato: Heloisa Bio – heloisa.bio@aua.org.br
(11) 99748-3051 – (11) 2867-2773
Skype: heloisabio