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Vespinha combate pragas na agricultura, diminuindo o uso de agroquímicos

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Trichogramaa em ação contra a lagarta que ataca lavoura de milho. Foto: Divulgação

O grande destaque no dia de colheita de milho e sorgo (*) para silagem (**) realizado na Fazendo Lagoa, MG, na segunda quinzena de fevereiro, foi o eficiente controle biológico das lavouras pela vespa Trichogramaa de pragas nestas culturas.  A ação deste benéfico inseto diminuiu o uso de produtos químicos e por sua vez o impacto ambiental e social.  

Pela importância que o assunto tem na agricultura brasileira,  confira a seguir a matéria. 

Controle biológico preserva a biodiversidade, com vantagens sociais e ambientais

O dia de campo aconteceu na Fazenda Lagoa, em Quartel Geral, Minas Gerais,  coordenado por duas Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – Produtos e Mercado (Escritório de Sete Lagoas) e Milho e Sorgo, em parceria com a Cooperativa de Abaeté (Cooperabaeté)Siccoob Credioeste e Riber KWS Sementes, no município mineiro.

O objetivo da iniciativa é mostrar aos produtores rurais a importância de usar utilizar controle biológico no Manejo Integrado de Pragas (MIP).

O controle biológico visa preservar a biodiversidade, diminuindo o impacto ambiental, com a menor utilização de produtos químicos, permitidos pelas boas práticas agrícolas.

“Uma vantagem social e ambiental desse processo é o menor uso de insumos químicos” salientou o analista da Embrapa Produtos e Mercado, Sinval Resende Lopes.

Estudantes, produtores rurais, extensionistas, autoridades municipais e representantes de empresas privadas e de instituições de ensino assistiram às palestras realizadas em quatro estações montadas na propriedade.

As ações do projeto visam capacitar técnicos extensionistas para usarem a tecnologia e implantar Unidades de Referência Tecnológica (URT) em propriedades que possam servir de modelo para os produtores.

Segundo o chefe de transferência de tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo, Jason de Oliveira Duarte, o objetivo da Embrapa é sempre trabalhar em parcerias e trazer conhecimento técnico para os pequenos, médios e grandes produtores.

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Planta de milho com a cartela de Trichogramma. Foto: Sandra Brito/Embrapa

 

URT avaliou controle biológico no milho e sorgo 

Na Fazenda Lagoa, foi instalada uma URT de milho e sorgo, para avaliar o controle biológico no manejo integrado de pragas e também avaliar os a qualidade das sementes de milho e sorgo para a produção de silagem.

A vespinha Trichogramma impediu que as lavouras fossem atacadas pelas pragas como as ameaças das lagartas, como a lagarta-do-cartucho e a broca-da-cana, que atacam tanto o milho quanto o sorgo, contou o analista do setor de transferência de tecnologia da Embrapa, Fredson Ferreira Chaves.

Sorgo é o quinto cereal mais plantado no mundo. Foto: Embrapa

Sorgo é o quinto cereal mais plantado no mundo. Foto: Embrapa

Nas lavouras desta Unidade de Referência Tecnológicaoram instaladas armadilhas com feromônio, e no momento em que apareceram as primeiras mariposas foi iniciada a liberação da vespinha.

“Foram realizadas três liberações deTrichogramma, com intervalo de três dias cada uma. Na terceira liberação, o resultado já se mostrou eficaz”, relatou Sinval Resende Lopesl.

Este foi o primeiro ano que usei o controle biológico na propriedade para controlar pragas e fiquei surpreso com o seu funcionamento”, constatou José Lourenço

Na Fazenda Lagoa, o produtor José Lourenço cultiva aproximadamente 13 hectares de milho e de sorgo, há quatro anos, para fazer a silagem e alimentar o rebanho.

“Este foi o primeiro ano em que usei o controle biológico para controlar as pragas. Eu fui nascido e criado na roça, e esta foi a melhor coisa que já fiz na lavoura. O acompanhamento e as orientações dos técnicos da Embrapa e das cooperativas foram muito importantes. O controle biológico funcionou muito bem. Fiquei surpreendido”, declarou o produtor.

Vespinha: menor custo e benefícios

Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG)

Foto: Embrapa

O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Ivan Cruz (ao lado) explicou como funciona o controle biológico de pragas com o uso de Trichogramma.

Na sua opinião, o grande problema na agricultura hoje é o aumento dos custos de produção pelo aumento do número de pulverizações visando o controle dos insetos-pragas.

A tecnologia do controle biológico permite reduzir tais custos sem haver redução na eficiência do controle.

“Além da eficiência e do menor custo, o controle biológico evita o aumento de resistência de insetos-pragas aos inseticidas e promove um aumento significativo dos inimigos naturais ou insetos benéficos nas lavouras”.

Segundo o cientista , o Trichogramma, também conhecido como vespinha, é um inseto benéfico muito pequeno, mas de grande eficiência para controlar os ovos das pragas.

“Dessa forma, a vespinha impede o nascimento das lagartas e evita danos à planta. Esta vespinha benéfica também tem a vantagem de conseguir detectar, no campo, onde o ovo da praga está”, destacou.

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Modelo de armadilha de feromônio com mariposas capturadas. Foto: Sandra Brito

Manejo Integrado de Pragas

Ivan Cruz destacou também  que o controle biológico deve cada vez mais ser componente prioritário em programas de manejo integrado de insetos-pragas.

O MIP busca sempre preservar e incrementar os fatores de mortalidade natural, por meio do uso equilibrado de todas as técnicas de combate possíveis, selecionadas com base em parâmetros econômicos, ecológicos e sociais.

Mas para o Manejo Integrado de Pragas ser eficaz, o agricultor precisa ter uma visão da paisagem agrícola de sua região e não apenas o controle de uma só praga e em uma única cultura.

 

 

(*) Sorgo é o quinto cereal mais plantado do mundo, atrás do trigo, arroz, milho e cevada. É usado na alimentação animal (especialmente os bovinos)  ou humana, dependendo do país, planta originária da África.  

(**) Alimento produzido a partir de milho e sorgo para alimentar rebanhos de gado de corte e de leite particularmente no período seco do ano quando as pastagens naturais tornam-se cada vez mais precárias.

Fonte e mais informações: Embrapa